Compartilhar
Informação da revista
Vol. 84. Núm. 4.
Páginas 526-528 (Julho - Agosto 2018)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
8364
Vol. 84. Núm. 4.
Páginas 526-528 (Julho - Agosto 2018)
Relato de Caso
Open Access
A case of bilateral inferior concha bullosa connecting to maxillary sinus
Um caso de concha bolhosa inferior bilateral conectada ao seio maxilar
Visitas
8364
Soo Kweon Koo
Autor para correspondência
koosookweon@naver.com

Autor para correspondência.
, Ji Seung Moon, Sung Hoon Jung, Mi Jin Mun
Busan Saint Mary's Medical Center, Department of Otorhinolaryngology, Head and Neck Surgery, Busan, Coreia do Sul
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (3)
Mostrar maisMostrar menos
Texto Completo
Introdução

As conchas nasais, localizadas na parede lateral do nariz, são estruturas importantes para a manutenção das funções nasais normais, como umidificação, filtração, lubrificação termorregulação do ar inspirado através do nariz. Em geral, existem três conchas localizadas em cada lado da cavidade nasal (superior, média e inferior). As conchas superior e média fazem parte do osso etmoide, mas a concha inferior é um osso independente. Esse osso se articula com os ossos etmoide, palatino e lacrimal, cria uma parede medial no meato inferior, o que é anatomicamente significativa para o orifício do duto lacrimal. Ocasionalmente, as pessoas apresentam uma quarta concha (suprema). As conchas são compostas por epitélio colunar ciliado pseudoestratificado, com uma camada espessa de tecido glandular vascular e erétil.1 A concha bolhosa trata‐se de uma cavidade ocupada por ar, situada no interior da concha nasal. A concha bolhosa ocorre mais habitualmente a partir da concha média, seguida pela concha superior; a ocorrência de uma concha bolhosa inferior (CBI) é rara.2,3 Especificamente, casos de CBI bilateral com conexão ao seio maxilar são extremamente raros. Ainda não se sabe bem qual a causa dessa pneumatização. Embora, na maioria dos casos, essa entidade seja considerada como variante normal e assintomática, em alguns indivíduos sua presença pode resultar em complicações, devido à hipertrofia da concha inferior ou da ventilação e drenagem prejudicadas do complexo osteomeatal.

Relato de caso

Jovem, gênero masculino, 14 anos, compareceu ao nosso Departamento de Otorrinolaringologia com obstrução nasal, cefaleia crônica e descarga nasal purulenta que persistia por vários anos. O paciente negava qualquer história de alergia ou trauma nasal, ou ainda cirurgia dos seios paranasais. Uma endoscopia nasal rígida demonstrou aumento da concha inferior esquerda (figs. 1A e 1B). Foi feito estudo de tomografia computadorizada (TC) não contrastada que interessou a unidade osteomeatal para um exame mais aprofundado. A TC revelou pneumatização bilateral da concha inferior e hipertrofia da concha inferior esquerda (figs. 2A e 2B). Localizamos duas conchas bolhosas nas partes posterossuperior e posteroinferior da concha inferior esquerda (fig. 3A). A CBI superior estava conectada ao óstio natural do seio maxilar (fig. 3B). O paciente foi submetido a uma cirurgia endoscópica com antrostomia do meato médio esquerdo, turbinectomia inferior esquerda e fratura lateral das duas conchas inferiores, sob anestesia geral. No seguimento, seis meses após a cirurgia, os sintomas do paciente tinham melhorado significativamente e não havia queixas nasais.

Figura 1.

Achados pré‐operatórios da endoscopia nasal demonstram aumento da concha inferior esquerda. (A) Lado direito; e (B) lado esquerdo da cavidade nasal (S, septo nasal; IT, concha inferior).

(0,16MB).
Figura 2.

Imagens de tomografia computadorizada (TC) do paciente. (A, B) Imagens coronais de TC demonstram pneumatização de ambas as conchas inferiores e hipertrofia da concha inferior esquerda (seta preta, concha bolhosa inferior (CBI) direita; setas brancas, CBI esquerda).

(0,12MB).
Figura 3.

Achados intraoperatórios. As figuras ilustram a CBI em conexão com o óstio natural do seio maxilar e a CBI inferior (à esquerda) (seta negra, CBI inferior; seta branca, CBI superior; seta tracejada, óstio natural do seio maxilar).

(0,16MB).
Discussão

A concha inferior é um osso distinto, com origem na parede lateral do nariz. Trata‐se da maior concha e é revestida com uma membrana mucosa espessa que contém um plexo cavernoso.4 Esse osso contribui principalmente para a termorregulação, umidificação e filtração do ar inspirado. Embriologicamente, a concha inferior se desenvolve a partir da placa precordal. Na sexta semana do desenvolvimento fetal, surgem diversas elevações na parede lateral do nariz, que terminarão por formar as conchas, inclusive a concha inferior.5 A concha inferior permanente tem sua origem das chamadas formações “maxiloturbinais”, é uma estrutura completamente distinta, localizada na parte inferior das cristas etmoidais.4 CBI é uma rara variante anatômica do complexo osteomeatal. Em um estudo – CT appearance of pneumatized inferior turbinate (concha inferior pneumatizada na TC) – foram encontrados apenas 60 (0,03%) pacientes com concha inferior pneumatizada em um universo de 59.238. Entre eles, a concha inferior pneumatizada era unilateral em 14 (88%) e bilateral em dois (12%). Outro estudo – Pneumatization of the inferior turbinate: incidence and radiologic appereance (Pneumatizaçãoda concha inferior: incidência e aspecto radiológico) – relatou a ocorrência de um caso de concha inferior pneumatizada em 250 casos (0,4%). Sete eram unilaterais e três bilaterais.2,3 Foram aventadas diversas hipóteses para explicar o(s) mecanismo(s) de formação da CBI. A primeira hipótese sugere que CBI tenha origem na ossificação da estrutura condral da concha inferior, em uma dupla lamela, durante a vida fetal, e a invaginação, por erro, do epitélio para o interior da dupla lamela levaria à formação da concha bolhosa.6 A segunda hipótese sugere que cavidades ocupadas por ar estariam intimamente associadas à inserção da concha inferior, decorrentes de uma doença do seio maxilar.7 A terceira hipótese sugere que, na vida fetal, a pneumatização do seio maxilar se prolongaria até a concha inferior e esse achado poderia ser facilmente observado em uma TC axial.2 Na maioria dos casos de CBI observa‐se conectividade com o seio maxilar.4 Em geral, ela é assintomática e normalmente o seu diagnóstico é acidentalmente estabelecido em estudos de TC; mas, se tiver grandes dimensões, poderá causar obstrução da cavidade nasal e, em consequência, o paciente poderá ser acometido por cefaleia e sinusite. A gravidade dos sintomas causados pela CBI está intimamente relacionada à extensão da pneumatização. A ocorrência de obstrução ou de congestão nasal também está associada à hipertrofia da concha inferior. Assim, é importante que seja estabelecida a diferenciação entre hipertrofia da concha inferior e CBI. Pode‐se facilmente diagnosticar por equívoco uma CBI como se fosse hipertrofia da concha inferior. Embora o uso de vasoconstritores possa ajudar na diferenciação entre essas duas entidades, o diagnóstico definitivo apenas será obtido com um estudo de TC do seio paranasal. Não há necessidade de tratamento em casos de CBI assintomática; medidas terapêuticas apenas deverão ser implantadas nos casos sintomáticos. Os objetivos do tratamento são a maximização da via nasal e a minimização dos sintomas e complicações. Os sintomas e as complicações nasais podem responder à terapia farmacológica, como, por exemplo, vasoconstritores ou spray nasal com corticosteroides, mas, em geral, respondem melhor à cirurgia. As diversas técnicas cirúrgicas disponíveis são: fratura lateral da concha inferior, esmagamento da CBI com um esmagador de concha bolhosa, excisão da borda livre da concha inferior com tesouras anguladas, turbinoplastia submucosa com ablação por radiofrequência e ressecção da lamela lateral da CBI.1 Mas nos casos de conexão entre CB e o seio maxilar, a ressecção lateral da concha poderá causar uma antrostomia meatal inferior, que, em última análise, poderia resultar em problemas de recirculação.8 Ademais, se houver uma associação da CBI com uma conchite, a infecção deverá ser tratada antes da cirurgia. Graças ao amplo uso de meios imaginológicos como a TC, os cirurgiões estão capacitados a obter informações detalhadas sobre a cavidade nasal e os seios paranasais antes da cirurgia. Isso permite a antecipação dos pontos seguros de entrada no lúmen da concha bolhosa.9

Conclusão

A pneumatização da concha inferior, conhecida como concha bolhosa inferior (CBI), é uma rara variação anatômica intranasal da parede lateral do nariz. Em geral, a CBI é assintomática, é acidentalmente diagnosticada por TC; mas, ocasionalmente, a CBI resulta em obstrução nasal, sinusite recorrente e cefaleia. Neste estudo, além de uma revisão da literatura, apresentamos um caso de pneumatização bilateral da concha inferior (CBI conectado ao óstio natural do seio maxilar) que resultou em obstrução nasal e necessidade de tratamento cirúrgico.

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

Referências
[1]
A. Yenigun, O. Ozturan, N. Buyukpinarbasili.
Pneumatized septal turbinate.
Auris Nasus Larynx, 41 (2014), pp. 310-312
[2]
B.T. Yang, V.F. Chong, Z.C. Wang, J.F. Xian, Q.H. Chen.
CT appearance of pneumatized inferior turbinate.
Clin Radiol, 63 (2008), pp. 901-905
[3]
A. Oztürk, N. Alataş, E. Oztürk, I. San, O. Sirmatel, N. Kat.
Pneumatization of the inferior turbinates: incidence and radiologic appearance.
J Comput Assist Tomogr, 29 (2005), pp. 311-314
[4]
L. Lei, R. Wang, D. Han.
Pneumatization of perpendicular plate of the ethmoid bone and nasal septal mucocele.
Acta Otolaryngol, 124 (2004), pp. 221-222
[5]
T.K. Chao.
Uncommon anatomic variations in patients with chronic paranasal sinusitis.
Otolaryngol Head Neck Surg, 132 (2005), pp. 221-225
[6]
M. Arslan, T. Muderris, S. Muderris.
Radiological study of the intumescentia septi nasi anterior.
J Laryngol Otol, 118 (2004), pp. 199-201
[7]
H.H. Unlu, A. Altuntas, A. Aslan, G. Eskiizmir, A. Yucel.
Inferior concha bullosa.
J Otolaryngol, 31 (2002), pp. 62-64
[8]
A.F. Kiroglu, H. Cankaya, K. Yuca, T. Kara, M. Kiris.
Isolated turbinitis and pneumatization of the concha inferior in a child.
Am J Otolaryngol, 28 (2007), pp. 67-68
[9]
T. San, S. San, E. Gürkan, B. Erdoğan.
Bilateral triple concha bullosa: a very rare anatomical variation of intranasal turbinates.
Case Rep Otolaryngol, 2014 (2014), pp. 851508

Como citar este artigo: Koo SK, Moon JS, Jung SH, Mun MJ. A case of bilateral inferior concha bullosa connecting to maxillary sinus. Braz J Otorhinolaryngol. 2018;84:526–8.

A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico‐Facial.

Copyright © 2016. Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial
Idiomas
Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Announcement Nota importante
Articles submitted as of May 1, 2022, which are accepted for publication will be subject to a fee (Article Publishing Charge, APC) payment by the author or research funder to cover the costs associated with publication. By submitting the manuscript to this journal, the authors agree to these terms. All manuscripts must be submitted in English.. Os artigos submetidos a partir de 1º de maio de 2022, que forem aceitos para publicação estarão sujeitos a uma taxa (Article Publishing Charge, APC) a ser paga pelo autor para cobrir os custos associados à publicação. Ao submeterem o manuscrito a esta revista, os autores concordam com esses termos. Todos os manuscritos devem ser submetidos em inglês.