Escrevemos em referência a um artigo de grande relevância para a otorrinolaringologia publicado em sua respeitada revista, o artigo “Validation of the Connecticut olfactory test (CCCRC) adapted to Brazil”, de Fenólio et al.,1 o qual trouxe a validação de um teste de avaliação da função olfatória. É um teste com baixo custo e grande relevância clínica, especialmente diante da identificação de grande número de pacientes com disfunção olfatória como sequela de infecção por SARS‐CoV‐2, além de doença de Parkinson e outras doenças com acometimento olfatório.
Diante dessa validação, o serviço de otorrinolaringologia do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HUOL/UFRN) iniciou a sua produção do teste CCCRC. Acreditamos que algumas vivências e dificuldades durante a sua produção poderão contribuir de forma positiva para que outros serviços consigam construir esse teste de forma mais segura e padronizada.
Inicialmente é importante reforçar que o butanol (álcool butílico) usado em diferentes diluições no teste é uma substância inflamável, corrosiva e volátil.2 Isso significa que, ao obter um frasco padrão de butanol (99%), ele deve ser manipulado em laboratório e sua diluição em uma capela, com validade de três meses. Posteriormente, com seus frascos acondicionados em vidro âmbar, poderemos ter mais segurança em sua manipulação, apesar de sempre termos ciência de que o frasco de maior concentração (butanol 4%) ainda é inflamável.2
Além disso, no momento de apresentação do frasco do butanol ao paciente, sentimos falta de algumas informações como a distância do frasco até a narina e o tempo em que ele deve ficar próximo até a finalização da etapa. Não houve essa padronização no artigo de validação1 e no artigo pioneiro do CCCRC3 foi usado um frasco de plástico passível de compressão para forçar a saída de gases, o que hoje sabemos ser uma forma inadequada de acondicionamento da substância.2
Diante disso, nosso serviço tomou como padronização a feitura de três movimentos circulares em cada frasco antes da abertura da tampa e posterior apresentação ao paciente por até 5 segundos, durante os quais o bocal do frasco ficará sempre na mesma altura do lábio superior do paciente. Dessa forma, acreditamos trazer informações pertinentes para ajudar outros serviços na feitura desse importante teste de forma mais padronizada, proporcionar que novos estudos sejam mais homogêneos e reprodutíveis.
Conflitos de interesseOs autores declaram não haver conflitos de interesse.
DOI se refere ao artigo: https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2021.09.007.
Como citar este artigo: Bedaque HP, Guimarães ML, Ferreira LM. Letter to the editor: “Validation of the Connecticut olfactory test (CCCRC) adapted to Brazil”. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:151.