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Vol. 82. Núm. 4.
Páginas 371 (Julho 2016)
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O Futuro ... a quem pertence?
The future … to whom it belongs?
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Marcio Abrahãoa
a Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
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O objetivo de um editorial é nos fazer pensar!! Escolhi, dentre vários temas, um que julgo muito importante para fazermos juntos uma reflexão: ser médico nos dias de hoje.

Atuamos na nossa profissão de forma intensa por muitas horas do dia. Seja atendendo pacientes públicos ou privados, outros fazendo pesquisa, ensino e até gestão institucional.

Como a maioria trabalha no atendimento à pacientes, irei priorizar esta discussão.

O atendimento ao paciente de instituições públicas esta caótico. Faculdades de medicina sendo abertas por todo o Brasil sem ao menos ter hospitais-escola que é nossa verdadeira sala de aula. Os Hospitais-Escola que existem juntos com outros hospitais da rede pública estão sucateados em sua aparelhagem, sem medicações para um atendimento razoável, perante uma demanda que cresce exponencialmente.

Nos deparamos diante de filas intermináveis e em plantões com precárias condições de atendimento.

E os pacientes privados oriundos de convênios ou seguros saúde?

Para responder esta questão lembro quantas crianças com indicação de adenoamigdalectomias devido à obstrução de via aérea superior e até apnéia, não são operadas devido ao baixo honorário médico de nossas tabelas. Enquanto pacientes com seguro saúde, são submetidos a procedimentos com o uso abusivo do laser, navegador, cirurgia robótica, monitorização de nervos, colas biológicas, instrumentos e produtos sofisticados para hemostasia. Todos estes aumentando o custo de forma desnecessária, levando a uma queda de braço entre as instituições privadas, médicos e seguradoras.

Não somos contra aos avanços da tecnologia à favor do nosso paciente, mas a sustentabilidade da saúde suplementar depende de um bom gerenciamento.

Não podemos esquecer que todo este contexto é devidamente temperado com a judicialização do nosso atendimento. É real o aumento do número de processos contra o médico e as intervenções judiciais para que se atenda ou opere este ou aquele paciente.

Não podemos esquecer também a enorme carga tributária que nos é imposta.

Quanto ao médico vinculado à pesquisa, o corte de verbas das instituições de fomento foram enormes, invibializando pesquisas de alto nível e interrompendo muitas já iniciadas.

Os médicos que dedicam suas vidas ao ensino, nunca tiveram salários tão baixos e condições de trabalho tão insuficientes.

Bem, muitos irão dizer diante desta catástrofe que o futuro a Deus pertence! Proverbio popular muito escutado.

Não penso assim. O futuro pertence a nós médicos com atitudes enérgicas e precisas. É fundamental a coesão do nosso time. Dentro da nossa especialidade, isto pode ser feito com a união de todos os otorrinolaringologistas à ABORL-CCF, que é o nosso órgão representativo oficial.

Aumentar o número de cooperativas nas pequenas cidades, alterar as tabelas vigentes, zelar pela qualidade do ensino da medicina e das especialidades... Temos que valorizar o esforço que fizemos para sermos médicos e o quanto amamos e nos dedicamos a nossa profissão.

Política não se faz apenas em Brasília, se faz principalmente nas comunidades, nas instituições. Temos que manter nossa ética e nos fazer respeitar ocupando os espaços. Se não ocuparmos outros o farão.

Conflitos de interesse

O autor declara não haver conflitos de interesse.


E-mail: marcioabrahao@uol.com.br

Como citar este artigo: Abrahão M. The future … to whom it belongs? Braz J Otorhinolaryngol. 2016;82:371.

DOI se refere ao artigo: http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.05.001

Idiomas
Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
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