Compartilhar
Informação da revista
Vol. 80. Núm. 5.
Páginas 386-389 (Outubro 2014)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Vol. 80. Núm. 5.
Páginas 386-389 (Outubro 2014)
Open Access
Objective comparison between perforation and hearing loss
Visitas
4971
Fernando de Andrade Quintanilha Ribeiroa, Verônica Reche Rodrigues Gaudinob, Caio Dinelli Pinheirob, Gil Junqueira Marçalb, Edson Ibrahim Mitreb
a Departamento de Otorrinolaringologia, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), São Paulo, SP, Brasil
b Faculdade de Ciências Médicas, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), São Paulo, SP, Brasil
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (5)
Mostrar maisMostrar menos
Tabelas (1)
Tabela 1&. #8195; Coeficiente de correlação de Pearson  encontrado em cada uma das frequências analisadas

Introdução: Parece não haver relação entre o tamanho das perfurações timpânicas e a perda auditiva. Alguns trabalhos na literatura estudaram esta relação, com dados conflitantes e sem uso adequado da metodologia empregada, principalmente quanto à medição do tamanho da perfuração que se faz de modo subjetivo.

Objetivo: Analisar através de um método objetivo o tamanho dessas perfurações e relacioná-las com perdas auditivas em quatro frequências sonoras.

Método: Estudo retrospectivo de corte transversal. Foram avaliadas 187 perfurações timpânicas através de digitalização de imagem, medidas porcentualmente com o uso do software ImageS-cope Version 11.1.2.760 e correlacionadas com os limiares auditivos em quatro frequências.

Resultados: Os dados foram avaliados estatisticamente pelo teste de correlação de Pearson, que não demonstrou correlação entre o tamanho da perfuração timpânica e o grau de perda auditiva.

Conclusão: Não há relação significativa entre o tamanho das perfurações timpânicas e as quatro frequências estudadas.

Palavras-chave:
Avaliação; Perfuração da membrana timpânica; Perda auditiva

Introduction: There appears to be no relationship between the size of tympanic perforations and hearing loss. Some studies in the literature have assessed this connection, with conflicting data and without proper methodology, especially concerning the measurement of the size of the perforation, which was performed in a subjective manner.

Objective: To evaluate the size of tympanic perforations and to relate them to hearing loss in four different sound frequencies through the use of an objective method.

Methods: Transversal retrospective study. The present study evaluated 187 perforations through digital imaging, calculated the percentages of the tympanic membrane that was perforated using ImageScope software version 11.1.2.760 and correlated perforations size with hearing loss at four frequencies.

Results: Data were statistically analyzed using Pearson's correlation test.

Conclusion: There was no significant relationship between the size of tympanic perforations and hearing loss in the four analyzed frequencies.

Keywords:
Evaluation; Tympanic membrane perforation; Hearing loss
Texto Completo

Pagina nueva Introdução

Estudo de coorte histórica longitudinal. É notório que parece não haver relação direta entre o tamanho da perfuração da membrana timpânica nas otites médias crônicas simples e a perda auditiva avaliada pela audiometria tonal limiar. Esta suspeita foi estudada e avaliada, mas com métodos subjetivos para medir o tamanho das perfurações.1-5 Com o aparecimento de modernos programas de computador, pudemos avaliar objetivamente a percentagem desta perfuração em relação ao tamanho total da membrana. Com esses dados mais precisos foi possível podemos comparar este achado com cada frequência da audiometria, de modo mais confiável. Poucos trabalhos semelhantes foram encontrados na literatura.6,7 Nossa proposta foi analisar a correlação entre o tamanho percentual da perfuração timpânica com as perdas auditivas em quatro frequências.

Método

Estudo de coorte histórico longitudinal realizado no Departamento de Otorrinolaringologia de uma instituição de ensino médico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa nº 9228. As imagens da membrana timpânica foram adquiridas utilizando-se fibra óptica rígida de 3 mm de diâmetro acoplada à câmera digital e captura digital em computador.

Foram selecionadas apenas imagens de otites médias crônicas simples (perfurações secas, como sequelas de otites necrosantes), com mais de seis meses sem otorreia referida pelos pacientes. Foram consideradas as perdas auditivas em quatro frequências: 500 Hz, 1K, 2 K e 4K, com qualquer intensidade de perda condutiva.

As audiometrias foram realizadas por fonoaudiólogos com o uso da técnica de Katz.8

Foi utilizado o programa ImageScope Version 11.1.2.760 da Aperio Technologies®. As imagens selecionadas foram avaliadas circunscrevendo a área total da membrana timpânica com a seta do mouse, que foi medida através de contagem de pixels (fig. 1). O mesmo foi feito com a área da perfuração. Ambas as medidas foram transportadas para uma planilha do software Excel® da Microsoft. Como a medida da área da perfuração foi feita percentualmente em relação à área da membrana timpânica, não houve interferência quanto ao ângulo de visualização ou proximidade na captura da imagem. Estas medidas foram realizadas por dois examinadores, em diferentes momentos, e foram consideradas apenas as que coincidiam com um fator de erro menor que 5%.

Figure 1 Imagem obtida através da circunscrição da membrana timpânica e de sua perfuração.

Os critérios de inclusão e exclusão do estudo foram os seguintes:

Inclusão — Imagens de membranas timpânicas com perfuração, sem quadro inflamatório evidenciado por otorreia há mais de 6 meses, otites médias crônicas simples.

Exclusão — Quando a avaliação do tamanho da perfuração feita por dois examinadores apresentou diferença maior que 5%.

As audiometrias foram avaliadas apenas quanto às suas perdas condutivas, ou seja, o "gap" aéreo-ósseo que caracterizou o comprometimento timpânico da membrana ou da cadeia ossicular. As frequências utilizadas foram as de 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 4.000 Hz.

Os dados obtidos com as perfurações das membranas timpânicas foram correlacionados com o "gap" aero-ósseo, em cada uma das frequências analisadas, através do teste de correlação de Pearson.

Resultados

Participaram do estudo 187 orelhas que apresentavam otite média crônica simples. A idade dos pacientes analisados variou e quatro a 75 anos, sendo que 79 pacientes apresentaram acometimento da orelha direita e 108 da esquerda. A correlação entre o tamanho da perfuração e as frequências estudadas encontra-se na tabela 1.

A correlação entre a porcentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo existente em cada uma das frequências analisadas está apresentada nas figuras 2 a 5.

Figura 2 Correlação entre a percentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo encontrado na frequência de 500 Hz.

Figura 3 Correlação entre a percentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo encontrado na frequência de 1.000 Hz.

Figura 4 Correlação entre a percentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo encontrado na frequência de 2.000 Hz.

Figura 5 Correlação entre a percentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo encontrado na frequência de 4.000 Hz.

A figura 2 ilustra a correlação entre a percentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo encontrado na frequência de 500 Hz.

A figura 3 ilustra a correlação entre a percentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo encontrado na frequência de 1.000 Hz.

Na figura 4 uma correlação entre a percentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo encontrado na frequência de 2.000 Hz.

Finalmente, na figura 5 a correlação entre a percentagem da perfuração da membrana timpânica e o "gap" aero-ósseo encontrado na frequência de 4.000 Hz.

Discussão

Foi pesquisada a correlação linear entre o tamanho da perfuração timpânica em pacientes portadores de otite média crônica simples e a perda auditiva em quatro diferentes frequências. O coeficiente de correlação de Pearson para as frequências 500 Hz; 1.000 Hz; 2.000 Hz e 4.000 Hz foi, respectivamente, de 0,415; 0,372; 0,282 e 0,325; demonstrando que não há uma correlação linear forte entre as variáveis estudadas.

A correlação apresentada para a frequência de 500 Hz mostrou-se moderadamente significante para a questão analisada, enquanto as correlações encontradas para as outras frequências mostraram-se pouco significantes.

Entre os autores avaliados na literatura, o trabalho de Pannu et al.9 apresentou resultado diferente, demonstrando aumento da perda auditiva com o aumento do tamanho das perfurações timpânicas em 100 pacientes que também apresentavam perfurações sem sinais de inflamação ativa e secreção. É importante salientar que, neste trabalho, o tamanho da perfuração foi estimado medindo-se os seus diâmetros vertical maior (R1) e horizontal maior (R2) com um fio de arame de 1 mm, inserindo os valores obtidos na fórmula: Área da perfuração = p. R1.R2.

Também, segundo Ibekwe et al.,10 quanto maior a perfuração da membrana timpânica, maior é a perda na percepção sonora. Nesse estudo, foram analisados 67 pacientes com 77 perfurações no total. O estudo chegou a esta conclusão utilizando o teste de correlação de Pearson (p = 0,01; r = 0,05).

O artigo de Ahmad e Ramani1 coincide com os outros estudos citados anteriormente. Nele foram analisados 70 pacientes com perfuração central seca. Os pacientes foram divididos em quatro grupos, de acordo com o tamanho, em percentagem da perfuração que apresentavam. Foi analisada a perda auditiva encontrada em cada frequência, em cada um dos grupos, concluindo que a perda auditiva aumenta com o aumento da perfuração.

Portanto, nosso trabalho, que possui um número maior de pacientes e uma metodologia mais moderna, contradiz a literatura pertinente e nos leva a concluir que outros fatores, que não o tamanho de perfuração, como disjunções ou fixações da cadeia ossicular, compromete a acuidade auditiva nos pacientes portadores de otite média crônica simples.

Conclusão

Não existe correlação entre o tamanho das perfurações das membranas timpânicas nas otites média crônica simples e as perdas auditivas nas frequências de 500 Hz; 1.000 Hz; 2.000 Hz e 4.000 Hz.

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.


Recebido em 19 de outubro de 2013;

aceito em 22 de fevereiro de 2014

DOI se refere ao artigo: http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.07.007

Como citar este artigo: Ribeiro FA, Gaudino VR, Pinheiro CD, Marçal GJ, Mitre EI. Objective comparison between perforation and hearing loss. Braz J Otorhinolaryngol. 2014:80:386-9.

☆☆ Instituição: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

*Autor para correspondência.

E-mail:quintanilha.f@uol.com.br (F.A.Q. Ribeiro).

Bibliografia
[1]
Hearing loss in perforations of tympanic membrane. JLO. 1979;93:1091-8.
[2]
Middle-ear function with tympanic-membrane perforations. II. A simple model. J Acoust Soc Am. 2001;110:1445-52.
[3]
Middle-ear function with tympanic-membrane perforations. I. Measurements and mechanisms. J Acoust Soc Am. 2001;110:1432-44.
[4]
How do tympanic-membrane perforations affect human middle-ear sound transmission? Acta Otolaryngol. 2001;121:169-73.
[5]
A computer program to calculate the size of tympanic membrane perforation. Clin Otolaryngology. 2004;29:340-2.
[6]
Tympanic membrane perforation: size, site and hearing evaluation. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2011;75:527-31.
[7]
Determinants of hearing loss in perforations of the tympanic membrane. Otol Neurotol. 2006;27:136-43.
[8]
Puretone evaluation. Em: Katz J. Handbook of clinical audiology. 6ª ed. (Chapter 30). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2009. p. 30-49.
[9]
Evaluation of hearing loss in tympanic membrane perforation. Indian J Otolaryngol Head Neck Surg. 2011;63:208-13.
[10]
Correlating the site of tympanic membrane perforation with Hearing loss. BMC Ear Nose Throat Disord. 2009;4;9:1.
Idiomas
Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Announcement Nota importante
Articles submitted as of May 1, 2022, which are accepted for publication will be subject to a fee (Article Publishing Charge, APC) payment by the author or research funder to cover the costs associated with publication. By submitting the manuscript to this journal, the authors agree to these terms. All manuscripts must be submitted in English.. Os artigos submetidos a partir de 1º de maio de 2022, que forem aceitos para publicação estarão sujeitos a uma taxa (Article Publishing Charge, APC) a ser paga pelo autor para cobrir os custos associados à publicação. Ao submeterem o manuscrito a esta revista, os autores concordam com esses termos. Todos os manuscritos devem ser submetidos em inglês.